terça-feira, 5 de agosto de 2008

A história Não-Mitológica

Olá galera, estamos por aqui mais uma vez, semana passada não foi possível a publicação da nossa coluna, mas como prometido, irei falar hoje da versão não-mitológica da música.
A origem mecânica e não-mitológica da música divide-se em duas partes: a primeira, na expressão de sentimentos através da voz humana; a segunda, no fenômeno natural de soar em conjunto de duas ou mais vozes; a primeira seria a raiz da música vocal; a segunda, a raiz da música instrumental.
Na história não-mitológica da música são importantes os nomes de Pitágoras, inventor do monocórdio para determinar matematicamente as relações dos sons, e o de Lassus, o mestre de Píndaro, que, perto do ano 540 antes de Cristo, foi o primeiro pensador a escrever sobre a teoria da música.
Outro nome é o do chinês Lin-Len, que escreveu também um dos primeiros documentos a respeito de música, em 234, antes de Cristo, época do imperador chinês Haung-Ti. No tempo desse soberano, Lin-Len -que era um de seus ministros estabeleceu a oitava em doze semitons, aos quais chamou de doze lius. Esses doze lius foram divididos em liu Yang e liu Yin, que correspondiam, entre outras coisas, aos doze meses do ano.
Origem Física e Elementos
A música, segundo a teoria musical, é formada de três elementos principais. São eles o ritmo, a harmonia e a melodia. Entre esses três elementos podemos afirmar que o ritmo é a base e o fundamento de toda expressão musical.
Sem ritmo não há música. Acredita-se que os movimentos rítmicos do corpo humano tenham originado a musica. O ritmo é de tal maneira mais importante que é o único elemento que pode existir independente dos outros dois: a harmonia e a melodia.
A harmonia, segundo elemento mais importante, é responsável pelo desenvolvimento da arte musical. Foi da harmonia de vozes humanas que surgiu a música instrumental.
A melodia, por sua vez, é a primeira e imediata expressão de capacidades musicais, pois se desenvolve a partir da língua, da acentuação das palavras, e forma uma sucessão de notas característica que, por vezes, resulta num padrão rítmico e harmônico reconhecível.
O que resulta da junção da melodia, harmonia e ritmo são as consonâncias e as dissonâncias.
Acontece, porém, que as definições de dissonâncias e consonâncias variam de cultura para cultura. Na Idade Média, por exemplo, eram considerados dissonantes certos acordes que parecem perfeitamente consonantes aos ouvidos atuais, principalmente aos ouvidos roqueiros (trash metal e afins) de hoje.
Essas diferenças são ainda maiores quando se compara a música ocidental com a indiana ou a chinesa, podendo se chegar até à incompreensão mútua.
Para melhor entender essas diferenças entre consonância e dissonância é sempre bom recorrer ao latim:
Consonância, em latim consonantia, significa acordo, concordância, ou seja, consonante é todo o som que nos parece agradável, que concorda com nosso gosto musical e com os outros sons que o seguem.
Dissonância, em latim dissonantia, significa desarmonia, discordância, ou seja, é todo som que nos parece desagradável, ou, no sentido mais de teoria musical, todo intervalo que não satisfaz a idéia de repouso e pede resolução em uma consonância.
Trocando em miúdos, a dissonância seria todo som que parece exigir um outro som logo em seguida.
Já a incompreensão se dá porque as concordâncias e discordâncias mudam de cultura para cultura, pois quando nós, ocidentais, ouvimos uma música oriental típica, chegamos, às vezes, a ter impressão de que ela está em total desacordo com o que os nossos ouvidos ocidentais estão acostumados.
Portanto o que se pode dizer é que os povos, na realidade, têm consonâncias e dissonâncias próprias, pois elas representam as suas subjetividades, as suas idiossincrasias, o gosto e o costume de cada povo e de cada cultura.
A música seria, nesse caso, a capacidade que consiste em saber expressar sentimentos através de sons artisticamente combinados ou a ciência que pertence aos domínios da acústica, modificando-se esteticamente de cultura para cultura.
Espero que vocês tenham gostado do tema, até a próxima.

por Beto Oliveira

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A história mitológica da Música


Oi pessoal...Estamos aqui mais uma vez. Hoje vamos navegar na mitologia grega e conhecer a versão mitológica sobre a origem da música.
Segundo a mitologia grega, a música, no mundo ocidental, começou com a morte dos Titãs.
Conta-se que depois da vitória dos deuses do Olimpo sobre os seis filhos de Urano (Oceano, Ceos, Crio, Hiperião, Jápeto e Crono), mais conhecidos como os Titãs, foi solicitado a Zeus que se criasse divindades capazes de cantar as vitórias dos Olímpicos. Zeus então partilhou o leito com Mnemosina, a deusa da memória, durante nove noites consecutivas e, no devido tempo, nasceram as nove Musas.
Entre as nove Musas estavam Euterpe (a música) e Aede, ou Arche (o canto). As nove deusas gostavam de freqüentar o monte Parnaso, na Fócida, onde faziam parte do cortejo de Apolo, deus da Música.
Há também, na mitologia, outros deuses ligados à história da música como Museo, filho de Eumolpo, que era tão grande musicista que quando tocava chegava a curar doenças; de Orfeu, filho da musa Calíope (musa da poesia lírica e considerada a mais alta dignidade das nove musas), que era cantor, músico e poeta; de Anfião, filho de Zeus, que após ganhar uma lira de Hermes, o mais ocupado de todos os deuses, passou a dedicar-se inteiramente à música.
Se estudarmos com cuidado a mitologia dos povos, perceberemos que todo o povo tem um deus ou algum tipo de representação mitológica ligado à música. Para os egípcios, por exemplo, a música teria sido inventada por Tot ou por Osíris; para os hindus, por Brama; para os judeus, por Jubal e assim por diante, o que prova que a música é algo intrínseco à historia do ser humano sobre a Terra e uma de suas manifestações mais antigas e importantes.
A mitologia grega é de um fascínio admirável, pois nos coloca em um mundo de deuses e histórias encantadoras e cheias de mistérios que prende e encanta quem devora seu mundo. Na nossa próxima edição trataremos da história não-mitologica da música”. Até lá...

segunda-feira, 23 de junho de 2008

“Green Heat”? ...“sombrero verde”...? Você conhece?


Oi galera, tudo bem? Estamos aqui mais uma vez, hoje para conhecer sobre a história de uma das bandas de maior sucesso na atualidade. O grupo mexicano Maná, conhecido em todo o mundo pelo seu sucesso: "Angel de Amor", e no Brasil pelo single “Vivir sin airi” trilha sonora da novela “Mulheres Apaixonadas” em 2003. Os mexicanos do Maná retornaram pela segunda vez ao Brasil com fama e prestígios redobrados apresentaram-se neste mês de junho em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A banda está promovendo a divulgação do novo álbum, o ao vivo "Arde el cielo", que também contém duas músicas inéditas. A formação que visitou o país é formada por: Fernando Olvera (voz e guitarra), Juan Calleros (baixo), Sergio Vallín (guitarra) e Alejandro "El Animal" (bateria).
A banda, que tinha Fernando Olvera no vocal, Juan Diego Calleros no baixo e seu irmão Ulises na guitarra, começou tocando em pequenos bares de Guadalajara na Cidade do México. Nessa época, final dos anos 70, a banda se chamava "Green Hat" mas depois os rapazes resolveram mudar o nome para sua tradução em espanhol: "Sombrero Verde". O mesmo eles fariam com as músicas, que agora também passariam a serem traduzidas do inglês para o espanhol.Um pouco mais à frente, em 1985, um novo percursionista, Alejandro González, de raízes afro-cubanas, foi integrado ao grupo.Mas, só em 1986, a banda resolveu mudar seu nome para Maná. Continuaram tocando em pequenos bares até que assinaram contrato com a Warner Music México. Em 1989, produziram seu primeiro álbum com a nova gravadora, "Falta Amor". O disco, que não teve repercussão imediata, explodiu dois anos depois com a música "Rayando el Sol".Em 1992, dois novos integrantes se juntaram ao grupo: Iván González nos teclados e César López na guitarra. O segundo CD do Maná "Dónde Jugáran los Niños?" Foi lançado no mesmo ano e não deu outra, mais uma vez, foi sucesso indiscutível, superlotando estádios nos shows por todo o México. Em 1993 a banda começou a sua globalização. Com o lançamento deste segundo disco um dos integrantes Ulises guitarrista da banda, largou a guitarra para se tornar um dos representantes do grupo.A turnê dos mexicanos passou por quase todos os países da América Central, América do Sul, Espanha, e comunidades de língua espanhola nos EUA. "Dónde Jugáran los Niños?" Chegou a ficar por 97 semanas entre os 50 Mais da Bilboard Latina. Porém, neste mesmo ano de 1993, Iván Gonzáles e César López resolveram largar a banda. O futuro do Maná ficou ameaçado, mas como eram Fernando Olvera e Alejandro González quem compunham as músicas, a banda pôde continuar sem os outros dois. Mesmo assim, Fher e Alex ainda precisavam de um guitarrista e por meio de uma convocação nacional encontraram Sergio Vallín para assumir a guitarra.Em 1995, a banda já era tão conhecida e tinha tamanho sucesso que até mesmo o diretor de cinema Francis Ford Coppola pediu aos “caras” uma música para a trilha sonora de seu filme, "My family". Neste mesmo ano, a banda ganhou o prêmio da Billboard pelo melhor álbum de pop rock. No mesmo ano a banda gravou o CD "Cuando Los Ángeles Lloran" que atingiu vendas superiores a 500 mil unidades nos EUA.Feitos não faltam para esses mexicanos do Maná. Em 1996, a banda foi indicada ao Grammy e depois de lotar shows por todo o mundo, o grupo chegou a ser anunciado como a maior banda de rock latino do mundo.Em 1997, o Maná se reuniu novamente para gravar mais um álbum "Sueños Liquidos", que foi lançado em outubro daquele ano. Em 1999, o álbum ganhou o Grammy de melhor Realização de Rock/Alternativo Latino, feito inédito na história do rock mexicano.Depois de terem gravado um CD Unplugged para a MTV também em 1999, o Maná voltou a se reunir em 2002 para gravar o álbum, "Revolucion de Amor".Com a música "Angel de Amor" inserida neste trabalho.
Em 2006 o quarteto lançou o álbum “Amar es combatir”. A banda ganhou no ano de 2007 o Grammy na categoria ‘Melhor Álbum Latino de Rock’ por este álbum.
E assim, essa galera “gente bôa”, continua fazendo turnês ao redor do mundo e concorrendo a diversos prêmios internacionais. As músicas com forte preocupação político-social continuam enraizadas no grupo. Se você quer ouvir o mais novo single de trabalho do mais novo álbum da Banda Maná “Si no ti hubieras ido” é só pedirr na Rádio Estação Pop e conferir. Um abraço! e até nossa próxima edição.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O Samba


Em uma de nossas edições, falamos de Cartola um dos grandes compositores do nosso país, mais que não teve seu reconhecimento diante da sociedade brasileira. Apesar de ficarmos entristecidos pelo que aconteceu ao talentoso Cartola, a música popular brasileira sempre exerceu grande fascínio na sociedade. Imprimiu valores, definiu costumes e fortaleceu sua identidade cultural no mundo ocidental. O século 20 foi fortemente marcado pelo aparecimento do rádio como divulgador da chamada música urbana. Ritmos e gêneros foram surgindo, definindo conceitos musicais, que foram incorporados à chamada sociedade de consumo.O ano de 1917 marcou profundamente o início do samba, ainda que de forma imprecisa, como gênero urbano. A paródia gerada a partir de uma reportagem (“O chefe da polícia / pelo telefone / manda me avisar / que na Carioca / tem uma roleta / para se jogar”), lançou o samba como forma musical e fenômeno social. O samba “Pelo telefone” foi o primeiro samba gravado, embora se discuta sua autoria e sua caracterização como samba. Donga, o provável autor, mandou registrar a partitura na Biblioteca Nacional, abrindo caminho para a comercialização do gênero e a profissionalização do músico, estruturando a partir de então, toda a ordem musical vigente.Com o aparecimento do disco, e o surgimento do fonógrafo, a profissão de cantor ganhou força no cenário artístico. Com a modificação do sistema mecânico de gravação pelo sistema elétrico, cantores de menor expressão e talento, puderam expor suas vozes, massificando o samba e enriquecendo a indústria, que explorava o samba de maneira desordenada. Os anos 40 foram marcados pela criação da SBAT (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais), que era responsável pela arrecadação de direitos autorais pela execução de músicas em rádios, shows e bailes. O samba “Pelo telefone” foi o mote principal para a definição da origem e caracterização do gênero. Produto da resistência da cultura negra, resultado da inserção urbana dos negros após a escravidão. Foi chamado de evento social no século XVII, eximindo seu caráter musical. Foi caracterizado também como Batuque, coreografia ou dança acompanhadas por uma forte instrumentação percussiva, originária da África. Sob o ponto de vista estético, podemos traçar um paralelo com as tradições jazzísticas. O Ragtime foi um estilo de jazz predominante do final do século XIX, marcado por forte acentuação rítmica, assim como o samba, de ritmo binário e sincopado. Espero que vocês juntamente conosco aprenda um pouco mais sobre gêneros musicais, como surgiu e as mudanças e as influências por eles sofridas, como o próprio samba.Abraços e até a nossa próxima edição, até lá..

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Música popular brasileira ? ou PMB ?




Oi pessoal, tudo bem? Quero começar nossa coluna de hoje, perguntando a você, qual a diferença entre a burrice e a inteligência? ... A resposta é muito simples. A inteligência pode ser testada e a burrice sempre surpreende. Estas considerações são extremamente pertinentes no que diz respeito a todo lixo fonográfico que vem sido produzido na atualidade. São músicas de baixo calão, que não possuem um mínimo de cuidado… enfim, músicas sem alma.O engraçado disso tudo é que, assim como burrice sempre surpreende, a desgraça nunca acaba e sempre há mais degraus a se descer (já notou que quando a gente vê uma música como “dança da minhoca” e acha que nada pode ser pior surge do nada outras tantas músicas piores ainda. Como: “A dança do creu”, “Piriguete” entre outros lixos fonográficos.
Entretanto, sem querer fugir do assunto, isto pode ser aplicado também com as versões abrasileiradas de músicas estrangeiras que fizeram sucesso. E nessa seara a lista é extensa, mas limitar-me-ei a cinco exemplos óbvios (incluindo, lógico as versões sem-pé-nem-cabeça que as bandas de forró fazem por ai):

1) Wanessa Camargo – Não tô pronta pra perdoar, de Dixies Chicks Not ready to make nice ;
2) Kelly Key – Barbie Girl, versão homônima do grupo Acqua;
3) Não leve a mal – Danni Carlos, versão da música dos Pretenders;
4) Bate, bate, bate na porta do céu - Zé Ramalho, para Knockin´ on heaven´s door, de Bob Dylan;
5) Calcinha Preta – Paulinha, versão atrofiada de, Whith you de Mariah Carey;

Agora você me pergunta, porquê essas versões toscas e sem criatividade estão na “boca da mídia” fazendo sucesso? E a resposta é óbvia: Atrofia Cultural somada à preguiça mental e ao desafio de ousar e investir no próprio talento.
Amigos, nosso país é rico em compositores. Existem por aí milhares de canções bonitas, bem elaboradas, que dão inveja até a renomados poetas. Mas por incrível que pareça esses artistas não estão sendo valorizados.
É tão absurda a quantidade de regravações e versões, que a música chegou a virar um clichê. Pare e pense que você chegará à conclusão de que só se vê, só se ouve por aí, bandas e cantores fazendo sucesso com regravações de músicas antigas e versões em cima de músicas estrangeiras, que por sinal, é uma “m...”. Menosprezando assim, o trabalho dos verdadeiros compositores nacionais e internacionais que têm o duro trabalho de elaborar uma canção e olhando direitinho este problema, até parece que só temos compositores de quinta categoria no país.E o pior de tudo é que cada vez mais os cantores e grupos estão se deixando levar pelo sucesso fácil de regravações e versões e desacreditando da inteligência brasileira. E isso é muito ruim, pois enquanto não acreditarmos no Brasil, como vamos acreditar em novos talentos brasileiros? Muitas vezes esses compositores, que temos que exaltar muito mais do que propriamente os intérpretes das canções, se vêem obrigados, a seguir o fluxo do comércio, que se tornou à música. Portanto, se por acaso você se deparar com uma letra pobre, sem recursos e de baixo nível não caiam de pau nesses profissionais. Eles não têm culpa. Apenas estão sendo pressionados, pois caso não venham a seguir a regra, não terão o dinheiro no final do mês para sustentar suas respectivas necessidades e famílias.
Longe de mim, ser saudosista, mas, a verdade é que um Vinicius, Noel Rosa, Chico, Pinxinguinha como tantos outros, não virão mais. Ainda temos grandes compositores na ativa, e esses merecem ser valorizados. Mas como podemos valorizar nossa própria raiz se as pessoas que dirigem o mercado fonográfico recorrem ao modismo, à música fabricada, ao estrangeiro e às regravações?
Infelizmente a música está se transformando num grande monopólio onde os artistas de nome que lançam músicas inéditas, não têm o trabalho destacado na mídia, ao passo que bandas e cantores sem talento algum (muitas vezes sem nem uma formação musical ou um mínimo grau de escolaridade), conseguem um grande espaço para mostrar canções melosas, sem originalidade e que estamos cansados de ouvir.
É por essas e outras que eu digo que, do jeito que está, não podemos mais chamar a Música Popular Brasileira de MPB, mas de PMB (Pobre Música Brasileira). Vamos pensar grande e maltratar menos nossos verdadeiros artistas. Esses sim são os vencedores! Há muita coisa boa no mercado fonográfico brasileiro, só basta procurar um pouco. Abraços. E os fãs de Wanessa Camargo que me desculpem, mas aquela versão das Dixies Chicks "Not ready to make nice" é um lixo.

sábado, 17 de maio de 2008

Reggaeton ? O que é isso ???




Você pode até não saber o que é esse tal de reggaeton, mas aposto que já deve ter dançado muito por aí. Os hits... “Radinho de Pilha”, “Dança do Cavalo” e a tal da “Piriguete” que toca muito nas rádios e porta-malas de carros turbinados com alto falantes e tweeters. Então, vamos saber um pouco mais desse gênero.

O ritmo moldado nas ruas de Porto Rico, o reggaeton vem da terra dos Menudos. É uma vertente do hip hop que incendiou e continua a encediar as pistas latinas, americanas, européias e até japonesas. Surpreende agora, ao sair dos guetos para o topo das paradas americanas - Billboard, Grammy Latino, MTV Awards - e influenciar o “maistream” - como o disco da colombiana Shakira, “Fijación Oral”, reggaeton de ponta da ponta. Depois foi a vez de Jennifer Lopez voltar às origens, desembarcando em San Juan, capital de Porto Rico, ao lado do rapper Pharell Williams. J.Lo e Pharell gravaram nos estúdios da Luny Tunes, a produtora mais poderosa do reggaeton. Aos poucos, a coisa chega ao Brasil. Gasolina, do rapper Daddy Yankee, foi sucesso indiscutível nas rádios e uma das músicas mais baixadas como toque de celular. E a "neta de Francisco" Wanessa Camargo também importou e incorporou o gênero, no seu CD, “W.”
Tudo começou, no final dos anos 80, mais ou menos na mesma época em que, Thaíde e DJ Hum lançavam os pilares do movimento hip hop brasileiro, na Estação São Bento do Metrô em São Paulo. A associação entre o hip hop brasileiro e o reggaeton, o hip hop porto-riquenho, é inevitável. As raízes do reggaeton estão no Panamá, como invenção do rapper El General. Era o "spanish reggae". O reggae cantado em espanhol fez um certo sucesso e logo foi importado por um clube de Porto Rico, o The Noise. Lá, aspirantes a rapper improvisavam em cima dos discos de reggae vindos do Panamá, sob a batuta da trinca de DJs do reggaeton - DJ Nelson, Mr Goldy e DJ Playero. Foram aqueles garotos que aperfeiçoaram o ritmo e o levaram ao sucesso, se tornando as estrelas de hoje - como Daddy Yankee, Tony Touch, Tempo, Vico C. A mensagem das ruas é a mesma - a luta de classes pós-moderna, a pobreza nas esquinas, o convívio com as drogas, bandidagem, a vida na periferia, o sexo -, só muda a base. E é justamente a base do reggaeton que chama a atenção e faz do ritmo algo de fato contagiante. Os caras pegaram o sex appeal do próprio dancehall jamaicano e misturaram à pegada latina, principalmente a salsa. A base suaviza os vocais nervosos dos rappers, que cantam num inacreditável splanglish. Dito isso, não é difícil de imaginar como são os bailes: praticamente iguais aos bailes funk do Rio. Muita popozuda, muita calça jeans de cintura baixa. Os artistas, que parecem ter deixado a inocência e caído de vez no “showbizz”, dão o que o povo quer - são muitas as letras de duplo sentido. O documentário Chosen Few, que reconstrói a história dos ex-garotos pobres de San Juan, levanta a polêmica sobre a associação entre o reggaeton e o sexo. Rappers e produtores dão de ombros. "Quando você é pobre, a única coisa que te faz feliz, de graça, é o sexo. O que mais se pode fazer sem gastar dinheiro?", questiona o produtor Luny Tunes. Críticas à parte, os rappers porto-riquenhos, agora estabelecidos como astros pop e com contratos com as maiores gravadoras do mundo, acreditam que o reggaeton amplifica a voz do povo latino. Mas, o maior alvo aí, é a indústria cultural americana que eles conseguiram tomar de assalto.
É isso aí, viva o reggaeton...Yes!!!